14 julho 2010

Crystal-Filha da guerra (parte 6)

Crystal tentou manter a quinta tal como era, tratava do gado do tio, tratava dos campos do pai, e fazia as tarefas que a mãe fizera outrora.
Mal descansava, trabalhava imenso, havia noites em que só dormia 2 horas, sentada na sala, não tinha tempo nem vontade de subir ao 1º andar e deitar-se na cama.
Crystal aguentou aquele ritmo durante 2 meses, mas já não dava para mais, vendeu todo o gado dos tios, a tia também não conseguia aguentar.
Os campos mantinham-se operacionais, decidiram vender a outra metade habitada da quinta, onde viveram os tios, a tia e a prima viriam para sua casa, assim, juntos conseguiriam sobreviver melhor.
A quinta resumia-se agora a uma casa habitável, um estábulo, a estufa e o lago, era sensivelmente metade do que fora quando os homens da família lá estavam.
Com a união das mulheres da família, todas as tarefas foram facilitadas, mas não deixava de ser difícil.
Não tinham novidades dos homens á alguns meses, os aviões continuavam a passar por ali.
No dia 10 de Fevereiro 1940 ouviu-se um estrondo enorme ali perto, acabara de cair um avião Americano a alguns metros da casa.
Crystal foi buscar a carrinha, aprendera a conduzir, tinha de se movimentar na quinta.
Foi ver o que se tinha passado, ao chegar ao local, apercebeu-se que o avião tinha caído em cima de um estábulo abandonado, mas apesar do choque o avião não se incendiara, os destroços estavam espalhados por todo o lado.
Ao longe Crystal ouviu um gemido, foi a correr ver o que se passava.
Ao chegar ao local onde tinha ouvido o gemido, viu um marine americano, preso no cockpit do avião.
"Ei, tás bem?"
"Ai"-Gemeu-"Sim, acho que sim, ajuda-me, tira-me daqui por favor."
"Claro que sim, espera."- Crystal rastejou pelos destroços e chegou finalmente ao marine.
Este estava coberto de sangue, a perna estava presa na fuselagem, Crystal, com todas as forças que tinha conseguiu mover o bocado de ferro que o prendia, e libertou-o.
Levou-o a custo para a carrinha, sentou-o no banco do passageiro, rasgou a sua camisa e fez um torniquete para estancar a hemorragia que ele tinha na perna.
"Obrigado, muito obrigado por teres ajudado."
"Não agradeças, vou-te levar para minha casa e tratar de ti."
"Muito obrigado. salvaste-me a vida."
Crystal levou-o até sua casa, quando la chegou a tia ficara chocada, ajudou-a a tirá-lo da carrinha e deitou-o no sofá, aqueceu água e passou um pano nas feridas.
Trataram das feridas, a tia teve que lhe coser a perna a sangue frio, a dor era imensa mas teve que ser, só assim iriam conseguir estancar o sangue.
"Muito obrigado, vou ficar-vos eternamente agradecido, minhas senhoras.
"Não agradeça, ponha-se bom." -Disse Dolores, a tia de Crystal, afastando-se.
"Posso tratar-lo por tu?"- perguntou Crystal.
"Sim claro, é o mínimo que posso fazer depois de me teres salvo a vida."
"Como te sentes?"
"Muito melhor agora, graças a ti"
"Ainda bem, posso saber o teu nome?"
"Desculpa a indelicadeza, sou o Sargento Paul Walker, faço parte da unidade aérea."
"Vinhas para aqui ou ias para a guerra quando o avião caiu?"
"Ia para lá, cheguei á 2 dias atrás para reagrupar e voltava para lá."
"O que aconteceu ao teu avião? Foram atingidos?"
"Não, ou fomos sabotados ou o avião já não estava em condições."
"Vinha mais alguém contigo? Não vi lá mais ninguém"
"Não, estava sozinho, ia apanhar o resto da unidade a caminho para a Alemanha."
"Ok, desculpa as perguntas mas estou curiosa."
"Podes perguntar o que quiseres á vontade."
"Que idade tens?"
"Tenho 37 anos, estou á 20 no exército, não queria estudar e o meu pai mandou-me para o exército, mal ele sabia que o mundo ia entrar de novo em guerra mas pronto."
"Mas depois de atingires a maioridade podes sair do exercito certo?"
"Sim, mas o que vinha fazer cá para fora? Não tenho estudos, não se arranja trabalho assim, e no exército tenho trabalho garantido, o meu pai recebe o meu salário, lá não preciso dele e ele faz-lhe falta."
"E onde está o teu pai?"
"Agora está preso. Desertor."
"Desculpa, não sabia. Desertor? O que é isso?"
"Uma pessoa é desertora quando não quer servir o exército, quando foge ao seu dever militar quando é chamado para o cumprir"
" Pois, o meu pai e o meu tio tiveram de ir, deixaram-nos aqui sozinhas."
"Lamento, mas o exército é a unidade mais importante do país, e como tal todos temos de servir os interesses do país."
"Mas isto é uma guerra do país, não é do meu pai, porque é que ele, não tendo nada a ver com isto teve que ir."-Crystal era ingénua, não percebia o porquê de algumas escolhas do país.
"Ainda és muito nova para perceber as decisões políticas. Ainda estás na idade para ir á escola certo?"
"Sim, tenho 15 anos mas desisti."
"Desististe? Porquê?"
"Porque não gostava da escola, e surgiram alguns problemas e não dava."
"Queres falar nesses problemas?"
"A minha mãe morreu uns meses depois de ter ficado doente."
"Lamento, não precisas falar nisso se não quiseres."
"Não, não tem problema, foi melhor assim, já sofria á demasiado tempo."
"Pois, e como te estás a safar?"
"Vou indo, tenho de continuar a minha vida."
"Fazes bem, a tua mãe iria ficar contente."
"Espero que sim."
A noite caíra e não deram por isso, quando se aperceberam já estava na hora do jantar.
"Jantas connosco?"
"Não, não quero estar a incomodar."
"Não incomodas, é bom variarmos um bocadinho a companhia."
"De certeza que não incomodo?"
"Não, eu preparo algumas coisa para nós, tens preferência?"
"Não, o que fizeres de certeza estará á minha altura, de certeza que será melhor do que o que dão no exército"
"Talvez, terás que esperar para ver"

4 comentários:

  1. Cheira-me que este Paul Walker vai trazer um novo sentido à história =P

    Continuaaaa!

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  2. Não sei...talvez sim...talvez não...

    To a tratar das próximas partes ;)

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  3. Go trufas, go trufas =P
    Venha mais!!!

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  4. o algarve tá a deixar-te maulkinha XD (ainda mais :P)
    To a escrever, relaxa e vai mas é pa praia pah xD

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