18 agosto 2010

Intrigas de amor (parte 1)

Decorre o ano de 2000 em Lisboa.

Num bairro pobre mora Rui, um jovem sonhador, tem apenas 16 anos mas uma vida dura e cruel.

Mora num bairro de lata, sem condições, as casas eram improvisadas e habitadas por demasiada gente.

Ele partilha o pequeno quarto de cama única com 6 irmãos, 3 irmãos e 3 irmãs, todos eles mais novos.

O pai tinha sido preso meses antes, por alegado tráfico de drogas, algo comum por aqueles lados era a única forma de sobrevivência, mas ainda assim custava a acreditar que o Sr. João o tivesse feito.

Eles eram uma família conhecida e ninguém acreditava que o tinham prendido.

D. Albertina, a mãe, trabalhava de sol a sol, saía de casa às 5h da manhã e só lá voltava as 8 da noite.

OS filhos tinham de ficar na rua o dia todo, a mãe fechava a porta assim que saía e só era aberta quando regressava a casa. Rui estava encarregue de tomar conta dos irmãos, Maria de 13 anos, Joana de 11, Raquel de 4, Manuel de 12, André de 7 e José de 5 anos.

Escusado será dizer que nenhum teve direito a ir á escola, mal tinham dinheiro para comer quanto mais para a escola. Tudo o que sabiam aprendiam ali, na rua, com os mais velhos.

O único luxo a que tinham direito era á bola de futebol que Rui tinha comprado fazia 5 anos com dinheiro que tinha ganho a arrumar carros.

Ele não podia viver sem a bola, já gasta e velha de tanto uso.

E era bom de bola, passava os dias a jogar com os irmãos para se entreterem, e agora com 16 anos era um excelente jogador.

Ele ambicionava dedicar-se ao futebol, já que não pudera ir á escola e ser cientista que era o seu verdadeiro sonho, então queria ser futebolista.

Os amigos já lhe tinham dito que ele tinha jeito e que deveria ir ao clube local, Pastilhas Futebol Clube, prestar provas, mas como o poderia fazer com os irmãos a seu cargo.

Ele andava a planear uma escapadela para isso havia algum tempo mas queria que Maria tivesse idade suficiente para tomar o seu lugar e vigiar os irmãos.

Rui perguntou a opinião á mãe sobre o futebol.

“Tás parvo Rui? Sabes que não tenho nem tempo nem paciência para as tuas manias. Trata mas é dos teus irmãos e cala-te”

“Mas mãe”

“Não há cá mas nem meio mas, fazes o que eu te mando e mais nada.”

Rui saiu dali a correr, devastado com o que a mãe lhe tinha dito.

Sempre tinha seguido as regras dela, tudo o que dizia, mas já chegava, estava farto de estar ali preso, queria seguir o sonho.

Ninguém o viu nessa noite, nem nos dias que se seguiram, os amigos também não sabiam de nada, os irmãos tinham ficado ao cuidado dos vizinhos.

Rui foi visitar o pai á prisão, vê-lo, pedir conselhos.

“Que fazes aqui Rui?”

“Preciso de ti pai, preciso de ti.”

“O que se passou filho?”

“Tenho estado sobre pressão desde que vieste para aqui pai, não tenho vida própria, não faço nada a não ser cuidar dos irmãos.”

“Sabes que faz parte do teu trabalho cuidares da família.”

“Sim eu sei, mas já o faço á muito tempo, não vou á escola como todas as pessoas da minha idade, não tenho amigos, amigas com quem sair com quem conviver.”

“Eu compreendo. A tua mãe sabe que aqui estás?”

“Não, saí ontem de casa depois de ela refilar comigo depois de lhe perguntar o que achava se eu tentasse ser futebolista.”

“To a ver, e achas que consegues Rui?”

“Tenho quase a certeza, á 5 anos que jogo á bola, todos os dias, o dia todo.”

“Se estás confiante tenta meu filho, não há nada como experimentar.”

“Ainda bem que te vim ver pai, dás-me sempre a força que preciso.”- Rui tinha uma relação muito forte com o pai, conversavam sobre tudo, era como pai que aprendia tudo o que sabia e para ele, o pai era um herói.

“Fico contente por saber isso filho. Sabes que tens sempre o meu apoio.”

“Obrigado pai”. O alarme de final de visita fez-se ouvir.

“Tenho e ir filho. Aparece sempre que quiseres. Quero saber se conseguiste ou não entrar no clube.”

“Ok pai, eu volto com novidades.”

Rui foi prestar provas no clube nessa tarde. E como era de esperar entrou sem problema nenhuma, até ouviu uma conversa do treinador e do presidente a dizerem que o tinham de segurar já, porque ele tinha nascido para aquilo, e que com o treino adequado seria a próxima estrela mundial.

Depois do treino Rui voltou a casa, estava fora á 3 dias, estava cansado, tinha comido com alguns trocos que lhe tinham dado ao vê-lo sentado na rua sozinho.

Na sua ausência a D. Joaquina, tinha ficado com os pequenos, e assim que viu Rui começou logo a gritar com ele. Ela tinha 65 anos, já não tinha paciência para a pequenada, se fosse 1 ou 2 tudo bem mas 6 era demasiado para a pobre senhora.

Rui pediu desculpa e afastou-se, levando os irmãos consigo. Uma vez mais a bola de futebol foi suficiente para os entreter o resto do dia.

As 8 da noite, como de costume avistaram a mãe.

Assim que a viu, Rui ficou receoso da sua reacção ao que ele tinha feito.

“Por onde andaste rui?”- parecia mais preocupada do que chateada.

“Por aí, precisava de um tempo para mim.”

“E o que fizeste por aí?”

“Fui prestar provas ao clube.”

“Eu avisei-te para te deixares disso rui.”

“Para deixar o quê? Uma oportunidade única de ter um trabalho decente e onde posso ganhar o suficiente para dar uma casa e condições á família.”

“O que é que tu estás para aí a dizer rapaz.”

“Estou a dizer que entrei no clube, que vou receber um ordenado e ajudar-te nas despesas.”

“Oh.”- A admiração era enorme. -” O dinheiro é teu fazes com eles o que quiseres.”

“E o que eu quero é dar aos meus irmãos o que eu não tive, uma oportunidade para irem á escola e terem um futuro melhor, pelo menos aos mais novos.”

“Tens um bom coração filho.”- Abraçou-o -”Desculpa ter duvidado de ti querido, mas ando cansada e não ando com paciência para brincadeiras. Desculpa”

“Não faz mal mãe eu sei que sim.”

“Então e quando começas?”

“Amanha de manhã, às 7h tenho de estar equipado e pronto para treinar.”

“Então tenho de arranjar algum sitio onde por os teus irmãos.”

“Já tratei disso.”

“Já?”

“Sim, eles no clube têm um centro para miúdos, onde têm várias actividades próprias para eles, podem lá ficar enquanto treino, e em troca lavo a roupa da equipa no final dos treinos.”

“Estás a falar a sério?”

“Sim mãe, eu já não sou nenhuma criança para brincar sobre este tipo de assuntos.”

“Estás tão crescido meu filho, tenho perdido esse tempo.”

“Não tens culpa mãe.”

2 comentários:

  1. ohhhhhhhhhhhhhhhhhhh :$
    deixa-me dizer-te que adorei o nome do clube de futebol!

    :b

    aposto que ele vai ser melhor que o cristinao ronaldo!

    :)

    neeeext! (ainda nao me esqueci!)

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  2. o clube existe mesmo amor.
    Foi onde o figo começou a jogar.

    Next só amanha, já tão feitas pelo menos mais 4 partes mas tem que ser aos poucos XD

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