08 setembro 2010

Na praia...

Mariana percorria o longo areal no findar de mais uma tarde no verão algarvio.
Estava ali de férias, na praia de Monte Gordo.
Tinha alugado ali um apartamento, fazia uma semana, estava portanto a meio das suas férias.
Tinha um vestido rosa clarinho, a toalha sobre o ombro direito, e o leitor mp3 na mão esquerda. Era a única maneira de relaxar, um longo passeio ao pôr-do-sol pela praia.
A praia estava a começar a ficar deserta, já eram 20h e os sol tinha começado a pôr-se.
Começara a desaparecer por trás das dunas.
O céu estava limpo, azulado no topo e alaranjado no horizonte.
Mariana parou por uns momentos, sentou-se no topo de uma duna para aproveitar o que restava do sol.
Passeava sozinha, tinha vindo para o sul do país sozinha, também não tinha ninguém que pudesse vir com ela. Os pais tinham ido fazer um cruzeiro pelo mediterrâneo, as amigas tinham ido de férias com as respectivas famílias, não tinha namorado, mas nada a fazia desistir das férias.
Precisava afastar-se da sua vida, era estudante universitária, estava no 2º ano de Medicina.
O curso exigia muito do seu tempo, pelo que não tinha muito de sobra para si mesma.
Desde os seus 18 anos, á 2 anos, que não tinha tempo para sair com as amigas, não tinha um tempinho para si, para as suas coisas, era só estudos.
Tanto esforço e dedicação valiam-lhe as notas mais altas da turma. Tinha média de 18.5.
Mas tudo isto tinha afectado a sua vida pessoal.
Tinha perdido algumas amigas devido á distância, as melhores amigas mantinham-se.
Nunca tivera namorado, não que isso a afectasse, ela acreditava que a sua felicidade não dependia de ter alguém a seu lado. O que é certo é que de á uns tempos para cá, essa maneira de pensar mudara.

Dali, do cimo da duna, avistou alguém ao longe, dentro de água.
Era um homem, nadava paralelamente á costa, a intensidade das ondas e a pouca luz na praia não o incomodavam.
A forma como nadava antevia o nível de preparação que tinha, via-se que já o fazia a algum tempo. Parecia um nadador olímpico.
Cada braçada tinha um estilo próprio, era dada na perfeição, pelo menos era o que Mariana pensava, pois não sabia nadar, preferia ficar “de molho”.
Mas agradava-lhe aquela vista. Aquele ser sozinho nas águas, imensas, e ainda assim tão despreocupado.
Começou a escurecer e Mariana não conseguiu ver-lhe o rosto, estava longe e não se queria aproximar muito, não queria dar a entender o interesse que por ele tinha.
Só consegui ver-lhe a silhueta.
Tinha um corpo cuidado, os músculos, apesar de não serem grandes estavam bem definidos, via-se que tinha um corpo cuidado.
O cabelo era curto, de um castanho claro, e tinha uns calções laranjas.
De resto nada vira.

Decidiu que estava na altura de regressar a casa, estivera na praia a tarde toda, queria agora comer qualquer coisa e iria sentar-se no banco de baloiço que tinha no terraço do prédio, com vista para o mar, agora sereno e escuro, sob o luar.

No dia seguinte, levantou-se cedo, desejando ver de novo aquele ser.
Foi dar uma corrida pelo areal, algo que também fazia desde que ali estava.
Uma vez mais o mp3 estava na sua mão esquerda.
Mariana não sabia fazer nada sem que a música estivesse presente, acalmavam-na.
Ao chegar junto do local de onde ontem o tinha avistado deu por si a olhar curiosa a ver se via de novo as braçadas, mas tal não aconteceu.
Não ficou desanimada, tinha a sensação que o voltaria a ver, provavelmente á mesma hora que no dia anterior.
Esse pensamento levou-a a sorrir.

Mariana corria á 5 minutos quando olhou par ao mar e viu alguém em apuros.
Estava alguém a afogar-se, esbracejava tentado manter-se á superfície.
Mariana teve como impulso ir ajudar, mas lembrou-se que não sabia nadar.
Então olhou a sua volta e reparou que outras pessoas tinham visto o mesmo que ela.
Quando olhou de novo para o mar, alguém passou mesmo junto a ela a correr a toda a velocidade, não lhe acertando por pouco.
Era um nadador salvador, disso não tinha dúvidas, tinha calções laranja e uma camisola amarela, agora no chão. E uma bóia característica na mão direita. Prendeu o cordel á volta do pescoço e por baixo do braço esquerdo e lançou-a para a sua frente atirando-se para o mar.
Quando chegou á vitima, esta tinha submergido, tendo portanto desaparecido do seu campo de visão.
Mariana, no areal, assistia a tudo aquilo horrorizada, tinha perdido não só a pessoa de vista como também o nadador salvador.
Alguns segundos depois consegui avistá-los aos dois, ele tinha conseguido encontrá-lo.
Chegou ao areal e pouso-o no chão, Mariana tinha sido a primeira a ir ao seu encontro, seguida de uma multidão de curiosos.

“Afastem-se”- Gritou o nadador salvador – “dêem espaço para que ele consiga respirar. Tu”- Apontando para Mariana, chega-te aqui.”
“Eu?” - Disse mariana apanhada de surpresa.
“Sim tu, ajuda-me, ajoelha-te aqui do lado dele e começa a pressionar o peito dele com intervalos, quando eu disser.”
“Ok”- Mariana reagiu mais por mecanismo, estava em estado de choque.

Mariana conseguiu cumprir a tarefa que lhe foi pedida.
Depois de tudo acalmar e os curiosos se afastarem, e depois de ambos garantirem que o salvado estava bem, apresentaram-se.
“Sou o André. Obrigado pela ajuda”
“Sou a Mariana. Não agradeças, não fiz nada.”
“Fizeste sim, acabaste de salvar um homem.”

Mariana apercebeu-se que era ele o homem da tarde anterior.
Era ele que nadava, e agora percebia o porquê dele o fazer àquelas horas, era depois do dia de trabalho.
Foram até ao bar para que André se secasse e este convidou-a para jantar, como forma de agradecimento por o ter ajudado.
Mantiveram conversa noite dentro.
Por volta das 24h André foi levá-la a casa, na moto-quatro que ele tinha para andar pelas praias.
Mantiveram contacto nos dias seguintes.
Mariana não se queria envolver, iria voltar para Lisboa daí a 2 dias e teria de deixa-lo para trás.
Quando finalmente chegou a hora da despedida André surpreendeu-a.
Ele apareceu á porta de sua casa com as malas.
Não queria deixá-la ir, não depois de uma semana excelente na sua companhia.
Decidiu deixar tudo o que conhecia e partir á descoberta da capital.
Com Mariana do seu lado.

2 comentários:

  1. esta história ficava bem com uma continuação!

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  2. concordo, pensei em faze-lo mas o objectivo é ficar uma historia curta, relatando uma situação.
    mas posso tentar ver o que se arranja, so porque és tu que pedes :P

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