26 setembro 2010

Refúgio- Parte 2

Nos dias seguintes Jorge fez exactamente o mesmo caminho que naquela manhã, na esperança de a voltar a ver, mas em vão.
Ele repetiu sempre a mesma rotina durante um mês, parecia já um ritual, levantava-se, bebia uma chávena de café, comia um pão com fiambre e ia correr.
Chegava a casa, depois da corrida, triste, cansado, mas principalmente triste. Decepcionado por não a ter visto uma vez mais, pelo menos uma vez, ele prometera a si mesmo que se a visse falaria com ela.
Queria muito saber o nome dela, de onde era, o que fazia...
Eram muitas as perguntas para fazer, mas faltava ela ali para as puder fazer. E mesmo que ela ali estivesse, assim que lhe olhasse nos olhos, de certeza que perderia o tema de conversa. Era normal acontecer.
Sozinho imaginava tudo o que gostava de falar, mas quando estava cara-a-cara ficava calado.
Não havia nada a dizer, o medo de dizer algo que não devia impediam-no de falar, ele pensava demasiado antes de abrir a boca, o que é óptimo, mas é um grande impedimento á conversa.
Jorge precisava relaxar na companhia feminina, falar sem problemas, não pensar demasiado, ele tentara umas quantas vezes mas o resultado não tinha sido o melhor.
Todas as raparigas com quem falara tornaram-se boas amigas, mas só isso. Amigas.
Ele queria e precisava de algo mais, uma relação, queria ter alguém com quem passear, alguém com quem partilhar alegrias e problemas, alguém que se sentasse ao seu lado sem o questionar.
Era tudo o que queria naquele momento.
Tinha sucesso no que fazia, estava bem de finanças, tinha tudo menos companhia.
Só queria ter alguém com quem partilhar tudo o que tinha, os planos para o futuro.
Mas nada podia fazer, só imaginar.
Mais uma semana passou e Jorge decidiu esquecer que a tinha visto, podiam nunca mais se encontrar na vida. Ele tinha era de se concentrar na escrita, isso era a sua prioridade, era esse o seu sonho, fora esse o propósito da sua ida para aquele local.
Jorge alugara uma cabana em madeira, no meio da montanha, longe da confusão da cidade.
O silêncio que se fazia notar era incrível, apenas o ventos nas árvores se ouvia, a vista sobre o rio era fenomenal.
Tinha tudo para puder escrever, no entanto não conseguia.
Aquela mulher deixara-o completamente fora de si.
Sempre que pegava na caneta e no caderno para escrever, a imagem dela aparecia diante os seus olhos e impediam-no de se concentrar.
Ele bem insistia mas tudo o que escrevia convergia para ela.
A cabana tinha um telefone fixo, o telemóvel não tinha rede ali, mas ele não tinha dado o numero a ninguém, não queria ser incomodado.
Mas quando o telefone tocou apanhou-o de surpresa.

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