01 dezembro 2010

Á uns tempos desapareceste. Deixaste a casa vazia. Levaste tudo. O que era teu e meu. Entrei e fui atropelado pelo silêncio. Pelo vazio. Depois do choque inicial procurei por algum sinal de ti. Não estavas. Deixaste apenas um bilhete no chão do quarto, agora vazio. Não me deste muitas explicações. "Adeus." Foi tudo a que tive direito. Encostei-me á parede e deixei-me perder pelos sentimentos. Recordei o teu sorriso, o teu olhar, ouço a tua voz, cheirei o teu perfume, senti a tua pele. Mas agora partiste. Já cá não estás.

Esqueci-te. Demorei, confesso. Mas consegui.
Hoje o meu telefone toca. Não reconheço o número. Quando atendi o meu coração acelerou. És tu quem me liga. 
O que queres agora? Voltar a magoar-me? Reavivar as memórias já esquecidas?
Surpreendeste-me. É perdão que pedes. Imploras.
Não! Magoaste-me no passado. Foste um erro. Uma nódoa no meu caderno, manchaste-lhe as linhas.
Não voltes. Não quero saber de ti. Desliguei o telefone sem que uma única palavra saísse da minha boca.
Desta vez fui eu que não dei explicações.

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