01 julho 2011

"Adeus minha amiga, adeus meu amor"

Olhava para ti e as certezas inundavam o meu ser, partilhámos os mesmos sonhos, conhecia os teus defeitos mas amava-os, sabia o que querias antes das palavras saírem da tua boca, dava-to antes mesmo de o quereres realmente. Partilhámos a mesma cama, sabia o teu cheiro de cór. Segurei a tua cabeça quando estavas mal, abracei-te quando precisaste de mim, limpei as lágrimas que correram no teu rosto, corri para ti quando, em urgência, me ligavas. Disse-te as palavras carinhosas que nunca havia dito antes, vi-te crescer nos meus braços, cresci contigo, e agora adulta fugiste, agora responsável abandonaste quem te ajudou, quem te apoiou. Vi o fim antes de começar, mas decidi que valias a pena o risco. Não me enganei no primeiro pressentimento, o segundo foi um erro. Foste a tal, durante muito tempo foste a tal. Estava disposto a dar-te o meu nome, ia ser o pai dos teus filhos, ia cuidar deles como cuide de ti, bem, pensava eu. Hoje duvido se realmente o fiz, hoje duvido se realmente sentiste o que dizias sentir, se os dizeres que os teus lábios expulsavam tinham algum significado. Hoje duvido que algum dia me pertenceste como te pertenci nestes 10 anos. Roubaste-me os sonhos, arrancaste-mos sem hesitar. Sem dó nem piedade. Não olhaste para trás, não disseste uma palavra, não te dignaste a olhar-me nos olhos, com medo de vacilares, talvez. A última coisa que te disse: "Adeus minha amiga, adeus meu amor", a última coisa que vi de ti foram as costas, a última coisa que ouvi a teu respeito foram os teus passos no mármore da entrada, o som tornou-se cada vez mais baixo, até que se apagou, foram as últimas noticias que tive de ti.

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