Segredo&Medo

Estes textos surgiram através das palavras entre parênteses, debaixo dos respectivos textos

3.10.10

Entrei em casa.

Vi-te á porta do quarto.

O olhar que me lançaste foi de desespero.

Escondias-me algo.

Nada fiz.

Larguei a pasta á entrada.

Como sempre fazia.

Tirei o casaco.

Pousei o correio na mesa da sala.

Liguei a aparelhagem.

Dirigi-me ao quarto.

Estavas deitada na cama.

A ler.

Olhei-te rapidamente.

O que me escondes?

Não entendo porque o fazes.

Não te escondo nada.

Porque haverias de o fazer.

Voltei a minha rotina habitual.

Não queria começar uma discussão.

Estava demasiado cansado para isso.

Queria apenas um banho.

Queria dormir.

Mas não consegui.

A dúvida sobre o que estavas a esconder não deixou.

Conta-me o que se passa.

Conta-me o segredo

(Segredo)  

Continuação...

Desculpa se não te falei nisto.
Não penses que foi por mal.
Desculpa se te magoei.
Não era essa a minha intenção.
Lamento se não conseguiste dormir.
Eu também não consegui.
Reparei como me olhaste.
Um olhar de dúvida.

Atingiu-me como um relâmpago.
Nessa altura apetecia-me saltar da cama e abraçar-te.
Sussurrar-te ao ouvido que tudo está bem.
Que nada deves temer.
Nada te escondo.
Tal como tu.

Embora não o quisesse fazer já.
Decidi então revelar o que tanto te atormenta.
Parabéns.
Está aqui a tua prenda.
Como vês não havia nada a temer.
Já perdeste o medo?

(Medo)  Participação de Julho em:Fábrica de Letras