Sento-me do sofá, sozinho neta noite fria e penso em ti. Penso em todo o caminho que percorremos juntos, mas aquela curva que dei sozinho marcou-me. Saí de estrada. Deslizei pela ravina. Recordo aquela saída com amargura. Agora cada vez que te toco penso no erro que cometi. Quando me deito a teu lado e fecho os olhos penso naquela minha acção. Nas consequências que teve. Não sei porque o fiz. Ainda hoje dois meses volvidos não sei a razão. Foi uma loucura, isso eu sei. Não sei como te dizer. Se te devo dizer sequer. Aperta-me o coração pelo que fiz com a confiança que me deste. O sentimento que te fiz ter por mim. Não sou quem pensas que sou. Não tens o homem de sonho a teu lado. Tens um m*rd*s. Sim, é isso que sou. Sempre que vens na minha direcção penso que descobriste. Nas nossas conversas temo as palavras que digo. Receio os meus gestos. Abomino os meus pensamentos. Diz-me, sentes-me diferente? Notas alguma mudança em mim? Não vês o arrependimento no meu olhar? O tremor na minha voz? A hesitação no meu toque? Continua a ser quente o interior dos meus braços ou a culpa afastou de mim o calor? Não das conta que me mantenho acordado noite após noite pois não? Olho simplesmente para ti. Calma, iludida pelo aparente conforto que te dou. Pela segurança que outrora te dei.
Não aguento mais este peso. - "Amor, podes chegar aqui?" - Não me orgulho do que fiz. Tenho de te dizer. - "Desculpa não só te-lo feito mas também por não ter sido homem suficiente para ser sincero contigo mais cedo."
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