26 agosto 2010

Intrigas de amor (parte 3)

Rui limitava-se agora a observar os treinos e os jogos, continuava a tratar de tudo nos balneários, para que os irmãos pudessem continuar no centro.

Quando se deslocava para ir á fisioterapia Rui observa numa jovem menina, do outro lado da rua, sentada no chão, agarrada á mochila, a chorar.

“Que tens?” – Perguntou já ao pé dela
Não obtendo resposta, ela chorava perdidamente, algo de grave se tinha passado.
Rui sentou-se ao lado dela, pôs-lhe o braço sobre os ombros, e ela encostou-se a ele, agradecida pelo gesto. Ficaram ali sentados durante algum tempo, e por fim ela disse.
“Obrigado”
“Não fiz nada, não tens nada que agradecer.”
“Fizeste sim, preocupaste-te comigo, apesar de não me conheceres, vieste ter comigo, deste-me apoio.”
“ Não gosto de ver ninguém sofrer, e tudo fica pior quando se trata de uma linda menina como tu.”- Disse-lhe olhando-a nos olhos, um gesto que a corou.
“Obrigado.”
“Vá, queres contar o que se passou?”
“Foi o meu pai, está no hospital.”
“Oh, lamento, mas ele tá bem?”
“Não sei, ainda não o vi, foi uma vizinha que mo disse, tinham vindo buscá-lo horas antes de eu voltar a casa.”
“Então vamos vê-lo”
“Como o tencionas fazer? O hospital fica a alguns quilómetros daqui.”
“Anda, havemos de nos arranjar.”
“Ok.”

Levantaram-se, foram até ao campo de treinos e por sorte, Tiago ainda ali estava, depois de Rui lhe explicar a situação este disponibilizou-se para os levar ao hospital.

“Obrigado por tudo, disse ela já fora do carro.”
“Ei, espera, disse Rui, eu vou contigo”
“Ah?”
“Se não te importares claro.”
“Não não me importo, só não sei porque és assim.”
“Assim como?”
“Assim, tão preocupado com os outros.”
“Eu também não sei mas gosto de ajudar sempre que possível.”
Saiu do carro, agradeceu a Tiago e disse-lhe que depois arranjavam maneira de voltarem, ele não precisava ficar ali á espera.
Entraram e perguntaram pelo pai dela, foram informados que tinham que esperar um pouco, ele ainda não podia receber visitas.

“Como te chamas?”- Perguntou Rui.
“Oh, desculpa, Sara.”
“Eu sou o Rui. Que idade tens Sara?”
“Tenho 16, quase 17 e tu?”
“Já fiz os 17, estou-te a ganhar.” - Disse brincando, para amenizar o ambiente.
“Pois estás. Gosto de ti, sabes.”
“Gostas?”- Desta vez foi ele que corou com aquela afirmação.
“Sim, és boa pessoa, ajudaste-me sem me conheceres, acho que ninguém faria isso.”
“Talvez, mas não podia deixar-te ali a chorar e passar como se não fosse nada, ficaria mal comigo mesmo.”
Abraçaram-se, sem nada dizerem.
A espera foi demorada, estavam ali á 2 horas, tinham mantido conversa, falaram de tudo, Rui sabia que Sara andava na escola, tinha uma casa em condições, e pelas roupas que tinha, via-se que tinha dinheiro. Mas esse facto não o assustava por nada, ela era querida, sabia falar, não o punha de lado pelo facto de ele não saber ler como devia, ele lia o básico, demorava a ler, mas conseguia, aprendeu por conta própria.
Finalmente foram chamados, entraram os dois, e ao ver o pai, Sara recomeçou a chorar, este estava a soro, tinha a perna direita e o braço esquerdo com gesso. Soube que ele tinha caído do telhado ao tentar por a antena para a televisão.

“Como estás pai?”
“Podia estar melhor.”- Apesar do estado mantinha-se animado.
“Bem sim, é verdade.”
“Quem é aquele rapaz?”- tinha reparado na presença de Rui ali, atrás dela, perto da porta.
“É o rui, foi ele que me ajudou a chegar aqui.”
“Mas conheces esse rapaz.”
“Agora sim, estamos lá fora á 2 horas á espera para te ver, começamos a falar.”
“E de onde ele é?”
“Mora num bairro a alguns quilómetros daqui.”
“Huumm ok, ele já pode ir, não precisa ficar aqui, já estás entregue.”
“Pai!”- Disse chocada -“ Ele ajudou a chegar até ti, não me conhecendo de lado nenhum, sem fazer perguntas, e é esse o tratamento que merece?”
“Desculpa.”
“Não o devias ter dito.”

Sara saiu dali, o pai às vezes tinha atitudes que ela não compreendia.
Como podia ele ter dito aquilo depois do que Rui tinha feito por ela.

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