28 agosto 2010

Intrigas de amor (parte 4)

“Porque queres sair daqui Sara?”
“Porque o meu pai teve uma atitude muito estúpida em ralação a ti”
“Espera, não quero causar problemas, eu vou-me embora, fico lá fora á tua espera se quiseres.”
“Não, não quero mais estar aqui, ele que fique ali sozinho para ver se dá mais valor às pessoas.”
“Não quero causar problemas.”
“Não os causas, não te preocupes.”
“Como tencionas voltar para casa?”
“Acho que nos conseguimos safar.”
Andaram durante um quilómetro, não tinha dado por isso, estavam entretidos na conversa.
“Anda”- Disse Rui para que Sara se apressasse.
Ele subiu para a parte de trás de um eléctrico e puxou-a para cima.
“Isto é perigoso, e se nos apanham?”
“Não apanham nada, e se apanharem fugimos”
“Não mete piada, não gosto disto.”
“Tens alguma maneira melhor?”
“Não.”
“Então temos que nos desenrascar com o que temos.”
“Bem sim. É verdade, mas tenho medo.”
“Não tenhas” - Disse Rui puxando-a para sim.

Desceram já perto do sítio onde Rui a tinha encontrado.
“Tens alguma coisa para fazer?”- Perguntou Sara.
“Não, o que devia fazer já não consigo.”
“O que era?”
“Devia ter ido á fisioterapia por causa da minha lesão.”
“Ah. Não foste por causa de mim, desculpa”
“Não te preocupes, tenho muito tempo para a fazer, e ainda bem que te ajudei, és uma querida, mas porque perguntas, tens alguns planos é?”
“Pensei em irmos passear ali no parque ou talvez vermos um filme em minha casa, não sei.”
“O parque parece-me bem.”
“Tão vamos.”
“Certo.”
Caminharam na direcção do parque, a meio caminho as mãos de ambos tocaram-se e não mais se largaram. Percorreram o resto do caminho de mão dada, conversavam, riam, brincavam.
Sentaram-se na relva, aconchegados.

Às 19h Sara tinha de ir para casa, a mãe estava a chegar e queria lá estar para puderem ir ver o pai.
Rui levou-a á porta de casa.
“Bem parece que é aqui.”- Apenas para criar conversa, estava com pena de a deixar, por ele ficava sentado no parque com ela para sempre.
“Sim é, gostei muito desta tarde.”
“Eu também, és muito boa companhia.”
“Obrigado, tu também és”

Estavam na parte difícil de todos os encontros, a despedida.
Um abraço? Um beijo na face? Nos lábios? Um aceno?
É uma escolha sempre difícil, algo que influenciará o resto da relação.
Abraçaram-se, Rui deu um beijo na face de Sara e esta retribuiu.
“Falamos amanhã?”- Perguntou Sara quando Rui se afastava.
“Sim, posso vir ter contigo?”
“Podes pois, aparece quando quiseres.”
“Olha que eu apareço.”
“Espero bem que o faças”
“Ok, até amanhã então.”
“Até amanhã.”

Rui esperou que Sara entrasse, para depois ir ele embora.
Foi o caminho todo a pensar em Sara e na tarde agradável que tinha passado na sua companhia, ela tinha um efeito sobre ele, algo que não conseguia explicar.
Sentia-se muito bem com ela, a olhar para ela, a falar com ela.
Chegou a casa sem dar por isso, estava envolvido nos seus pensamentos que foi caminhando mecanicamente, sem dar muita atenção para onde ia, mas acertou no caminho.
Ao chegar a casa, encostou-se na cama, a mãe já lá estava, passou por ela, sem notar a sua presença, sabia que ela ali estava, a porta estava aberta.
O barulho era ensurdecedor ali, mas ele ignorou tudo isso, estava demasiado embrenhado nos pensamentos para prestar atenção a tudo o resto.

Sem comentários:

Enviar um comentário

+ histórias