09 agosto 2010

Reencontro.

Voltaram a encontrar-se 5 anos depois da primeira noite juntos.
Maria passeava pelas ruas da baixa de Lisboa, num quente final de tarde. Olhava as monstras, quando alguém lhe tocou ao de leve no ombro.

"Maria?"- interrogaram nas suas costas
"Sim."- Respondeu voltando-se e olhando quem tinha colocado a questão.
"Oh."- Ficou admirada ao olhar, uma vez mais para aqueles olhos castanhos, algo que nunca pensara voltar a fazer
"Olá"- respondeu João sorridente
"Olá, que estás aqui a fazer?"
"Vim visitar a capital e ainda bem que o fiz, é tão bom puder ver-te de novo."
"Também estou contente por te ver."

Abraçaram-se, ambos se recordavam perfeitamente do que tinham passado juntos, lembravam-se daquela noite em especial.

"Nunca pensei que nos voltaríamos a encontrar depois daquela noite."- Disse Maria, contente por o ver, mas um pouco abatida por ter tido aquele desfecho.
"Nem eu, foi tudo tão maravilhoso, mas depois, infelizmente tive que partir."- João olhava fixamente nos olhos azuis de Maria, algo que a deixara arrepiada.
"Pois foi. Que tens feito?"
"Tenho trabalhado bastante, não tenho mais nada que me faça feliz a não ser a carreira.”
“Mesmo nada?”-João estava admirado, ela era linda, tinha uma boa personalidade, era invejada por todas as raparigas que ele conhecia, e estava sozinha. Havia algo que ela não lhe estava a contar, de certeza.
“Não.”-Rui-se, adivinhando o que João queria saber.- “ Não tenho ninguém se é isso que queres saber.”
“Bem, sim, na verdade fiquei curioso. Porque não tens?”
“Porque não preciso de ninguém, estou bem assim.”
“Oh, vá lá, todos dizemos isso mas ambos sabemos que não é verdade, todos desejamos estar com alguém.”
“Sim, mas não encontrei esse alguém, e até lá prefiro estar sozinha.”
João olhou-a com malícia, no seu interior estava desejoso por perguntar se ela não estava á sua espera, mas não o fez.

Puseram a conversa em dia, enquanto vagueavam pela cidade.
Chegaram junto ao rio, sentaram-se um bocado, e continuaram a falar, tinham muita conversa para por em dia depois de tantos anos afastados.
Mas também o passado interessava, não chegaram a falar muito do passado no tempo em que tiveram juntos.
A conversa acabou por relembrar o que tinham passado 5 anos atrás.

Tinham-se conhecido no casamento de amigos comuns, ele conhecia a noiva e ela o noivo.
Tinham trocado alguns olhares, estavam em lugares opostos, ela estava junto da piscina, ele ao balcão com uma caipirinha na mão.
Proferiu algumas palavras aos amigos que estavam com ele e saiu, foi na sua direcção, Maria de longe apercebeu-se que a cada passo João estava mais próximo de si e o seu coração acelerou.
Continuou a conversa com as amigas, deixou que João se chegasse perto dela.

“Senhoras.”- Cumprimentou. “Peço imensa desculpa estar a interromper a conversa, mas gostaria de vos roubar a amiga pode ser?”
Maria achou aquele pedido delicioso, foi gentil, mas preciso e directo na abordagem e no que pretendia dali.
Maria foi com ele, depois de um pedido daqueles era difícil recusar.
“Desculpa a abordagem, mas estava a observar-te do balcão e achei que te devia conhecer.”
“Não tem problema, gostei da abordagem, não andaste com rodeios, foste directo ao assunto.”
“Não ia ali para mais nada, só queria falar contigo, conhecer-te, com o tempo vais descobrir que vou directo ao assunto.”
“Parece que sim.”- Corou. Maria não gostava deste tipo de joguinhos, de conhecer rapazes em festas, não tinha jeito para isto.
“Não precisas ficar embaraçada, só quero conversar, passar um bom bocado, não vou forçar nada.”
“Ok, é que geralmente não falo com desconhecidos.”
“Sou o João, amigo na noiva.”
“Sou a Maria, amiga do noivo” Ambos riram com as apresentações.
“Pronto, assim já podes relaxar, já não sou um desconhecido.”
“Bem, saber o nome e de quem és amigo não faz de ti um conhecido mas ok”
“Sim, tens razão.”

Mantiveram-se na conversa, brincaram, falaram de coisas serias, o que pretendiam do futuro e no final da noite parecia que já se conheciam á alguns anos.

Acabaram a noite deitados, aconchegados numa praia ali próxima, tinham ido para ali passear, mas Maria estava cansada e ao encostar-se a João acabou por adormecer.
Ele preferiu ficar ali, encostou-a na areia, improvisou uma almofada e tirou o casaco para a tapar, depois pôs-lhe o braço por cima, aconchegou-se.
Acordaram quando o sol lhes chegou á cara, eram por volta das 8 da manha, quando Maria acordou ficou preocupada com o que se tinha passado na noite anterior, não se lembrava de ter adormecido, mas viu que nada se tinha passado, estavam ambos vestidos e ele não se tinha aproveitado dela.

Agora que tinham relembrado a noite que passaram viram que João tinha cumprido o que tinha dito, estava ali para conversar, nada mais. Também se aperceberam que tinham sentido a falta um do outro durante o tempo que estiveram afastados.
Estava um pôr-do-sol magnífico sobre o rio, João desviou o olhar e fixou-o nela, naqueles lindos olhos azuis, aproximaram-se, os lábios tocaram-se ao de leve e deixaram-se levar pelo momento.
Acabaram a noite na casa dela, o desejo foi mais forte do que qualquer regra ou imposição de ambas as partes.

Esta sim, uma noite que não esqueceriam, era a primeira de muitas outras.

1 comentário:

  1. Uma pequena história para mudar um pouco ;)
    espero que gostem

    A outra nao fica por acabar, está a ser construida ;)

    ResponderEliminar

+ histórias