09 setembro 2010

Reconciliação...

Deu-se uma acesa discussão, em que ambos se afastaram, indo cada um para seu lado.
Passadas umas horas, João estava arrependido do que dissera e decidiu ir ao encontro de Liliana.
Pegou na sua guitarra e foi até casa dela.
Percorreu o breve caminho que separava a sua moradia da de Liliana pensando no que iria dizer.
Assim que lá chegou colocou-se debaixo da janela do quarto dela e acompanhado por um suave som da sua guitarra começou a cantar.

“Está alguma coisa em falta nas nossas vidas.
Ainda não descobri o que é.
Mas tens de admitir que nos tornámos perfeitos estranhos, com as palavras que dissemos.
É tudo o que preciso para saber que algo está mal.
Mas antes que vás, diz-me se te importavas de me dar uma última noite.
Posso segurar-te esta noite?
Posso segurar-te esta noite?
Posso segurar-te esta noite?
Uma última vez.
Antes que o fogo se apague.
E o nosso amor morra.
Posso segurar-te esta noite?
Uma última vez.
Posso segurar-te esta noite?
Se queres partir, dá-me ao menos estes últimos momentos
Deixa-me segurar-te esta noite.
Uma última vez.
Podias ficar comigo para sempre?
É isso que quero”

Liliana ouviu toda a música, o ritmo era conhecido, João já lhe tinha tocado algumas músicas, mas não aquela, no entanto reconheceu a voz.
Foi suavemente á janela, a sorrir.
Assim que lá chegou impediu que João notasse o sorriso que invadira os seus lábios segundos atrás. Olhou-o com ar impenetrável.
João repetiu a música, garantindo assim que Liliana a ouvia.
Liliana afastou-se da janela, fechando-a atrás de si.
Aquele gesto atingiu João como um relâmpago, não havia nada a fazer, Liliana ainda estava chateada com ele.
Demorou-se por ali mais uns minutos, na esperança que aquela janela se abrisse, mas tal não sucedeu.

João preparou-se para se ir embora, assim que virou costas, totalmente cabisbaixo, a porta da casa de Liliana abriu-se e esta saiu de lá, com lágrimas a correr pelas belas faces rosadas.
João largou a guitarra e correu ao seu encontro, parando a poucos centímetros dela.
Ajoelhou-se - “Desculpa meu amor. Foi estúpido da minha parte.”
Liliana pôs-lhe as mãos nos ombros e ajudou-o a levantar-se.
“Desculpa-me também, disse coisas que não devia.”
Nada mais disseram, abraçaram-se na escuridão da noite, beijaram-se, acompanhados pelo som das cigarras.
Por fim sentaram-se nos degraus de acesso a casa de Liliana, abraçados, admirando o céu estrelado.

4 comentários:

+ histórias