04 outubro 2010

Sentei-me no nosso banco debaixo da árvore.
Sozinho.
Vão longe os tempos em que os risos ficavam presos nos troncos que pendiam por cima de nós.
E as tuas palavras entoavam neste jardim.
Sinto a tua falta.
Sentes a minha?
Custa-me a acreditar que partiste. Assim. Sem aviso.
Porque o fizeste?
Porque não voltas? Prometo que esqueço a tua partida.
Vem sentar-te comigo.
O teu lugar está vago. Espera-te. Tal como eu.
Não quero que ninguém o ocupe.
Se não voltares o lugar ficará sempre vazio. As folhas cairão nele quando a árvore, entristecida, notar que não voltas.
A neve ocupará o espaço outrora ocupado pelo teu corpo. Acumular-se-á tal como as saudades que tenho de ti.
Quando o bom tempo voltar, a neve irá derreter, as folhas irão voar, mas o sentimento, esse, nunca irá mudar. Sei. Tenho a certeza.
Nova estação chuvosa irá ter lugar, novas folhas cairão, nova neve ficará depositada. É um ciclo vicioso, nunca acaba. Tal como pensei ser a nossa relação.
Mas acabou. Por nada. Talvez por tudo. Não sei.
Não me deste justificação. Desapareceste simplesmente.
Já passaram horas desde que me sentei neste banco. Espero-te ainda.
Quanto tempo mais irei ficar á tua espera?
As lágrimas não rolam pela minha face. Preferia que rolassem.
Talvez porque ainda sinto que voltas.
Dá-me notícias. Deixa as lágrimas soltarem-se. Não me mantenhas em suspenso.
Não saber ao certo o que pretendes magoa ainda mais.
Por ti era capaz de escalar montanhas? Não vês isso?
Pensava que sabias o que sentias. Parece que me enganei.
O sol começa a pôr-se. As horas passaram a correr.
Perdido nesta indecisão o tempo parecia ter parado.
Mais um dia passou e tu continuaste sem aparecer. Começo a perder a esperança.
Embora o que sinta se mantenha.
Por hoje vou para casa.
Mas amanhã regresso.
A rotina é sempre a mesma desde que foste. Talvez sempre seja.
Sinto-me perdido sem ti.
Volta. Estejas onde estiveres.
Eu esqueço que partiste e me deixaste aqui. Sozinho.
O sol já desapareceu. Volto para casa e as estrelas acompanham-me.
Olho para a mais brilhante. Comparo-a com o brilho dos teus olhos.
Quero olhar para eles. Vezes e vezes sem conta.
Absorver aquele brilho que me ilumina o coração e a alma.
Quanto tempo demoras a voltar?
Preferia que não demorasses.
Posso contar contigo amanhã?
Manda-me um sinal.
Preciso de ti.
Tal como aquele jardim. Aquele banco. Aquele lugar. Ao meu lado.



Escrito por: Pi e David

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