Don't kill my vibe.

Ainda não vieste ao mundo. Mas já te amo. Traço planos para a tua vida. Faço contas á minha. Verifico se teria condições para te acolher agora. Seria difícil, eu sei. Mas não impossível. A necessidade aguça o engenho, e esse já o tenho, só teria de adapta-lo as tuas necessidades. Espero por ti com ansiedade, mas sem pressas. Parte de mim deseja que viesses a caminho, a do amor incondicional pela tua mãe, a vontade de ser pai. Outra no entanto diz que é cedo, a da lógica.

Fecho os olhos e sinto-te na barriga, sei que lá estás, fazes questão de mo mostrar quando a acaricio e beijo, algo que já faço. Imagino-me a olhar para ti assim que começares a respirar. Acalmar-te o choro com carinhos. O choro de um pai babado irá ocorrer. Irei por-te nos braços da melhor mãe do mundo. A tua. O teu nome já sei. A tua cara já imaginei. Ver rosadas as belas bochechas pequeninas. O narizinho já empinado, igual ao da tua mãe. Os teus olhos castanhos, os cabelos louros mas com caracóis, como a tua mãe teve. Imaginei ver-te adormecer nos meus braços. Deitar-te sobre o meu peito e embalar-te com a minha respiração. O número de velas no bolo a crescer. Os primeiros passos eu vi. As primeiras palavras ouvi. "papá, mamã" ditas propositadamente. O orgulho de te ouvir chamares-me e de chamares a tua mãe. As lágrimas escorrem pelo meu rosto. São de alegria obviamente. Vejo-te a cresceres diante os meus olhos. Vejo-me a ser pai, melhor amigo, professor e aluno. Ainda não existes mas já te sinto a meu lado. Vejo-te entre mim e a tua mãe num passeio pela praia ao final da tarde. Imagino o teu primeiro dia de escola, a mochilinha ás costas. Ajudar-te a ler, ensinar-te a escrever.

Partilhar contigo aventuras, os passeios, antes e depois de conhecer a tua mãe. As nossas brincadeiras. Ver-te brincar com o teu amiguinho...

Muita coisa eu já imaginei. Muita mais haverá.

Quero vive-la toda, mas não tenho pressas.

Um dia mostrar-te-ei esta carta, espero que aprecies o gesto, quando nasceres conto-te o resto.