17 novembro 2010

Percorri aqueles trilhos como outrora o fizera.
Desta vez algo diferente aconteceu. Algo estranho se passava ali.
Um silêncio ensurdecedor fazia-se notar. Não era normal. Sempre que aqui passava, e embora estivesse a ouvir musica com os phones, ouvia-se barulho.
As crianças passavam por mim ainda animadas com o dia de escola, agora findado.
Os idosos em marcha lenta cruzavam-se no meu caminho. Sorriam quando lhes cedia passagem.
Os adultos, sempre apressados passavam em passo de corrida com as pastas carregadas.
Mas hoje tudo estava diferente, não havia movimento, barulho, pessoas, nada.
Tirei os phones e olhei á minha volta, nada nem ninguém se via.
Com um sobressalto desviei-me do meu caminho quando levantei os olhos do chão e vi ao longe um vulto. Vestido a negro e com as mãos nos bolsos foi-se aproximando de mim. Nada fiz, era normal haver por ali mais gente. Já ao meu lado só tive tempo de ver algo reluzente saltar na minha direcção.
Um  Cai para o lado agarrado ao lado direito do meu corpo. Uma mancha vermelha cobriu a minha mão. Arrastei-me o máximo que pude, precisava de ajuda, mas nada nem ninguém ali passava.
Estava sozinho, nada mais havia a fazer. Embora desistir fosse a última coisa que queria, as minhas forças esvaiam-se com o sangue. Mais rápido que o desejado. Num último esforço levei a mão ao bolso das calças, ainda lá tinha o meu telefone, marquei o ultimo numero que me havia ligado, a chamada foi parar a ti, e com um último suspiro pedi-te ajuda, disse-te onde estava e a cabeça pendeu no chão, cobrindo-se com o meu próprio sangue.
Estava a fechar os olhos quando te vi chegar...

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