01 dezembro 2010

Já não me alimento. Tenho o estômago vazio à meses. Doía mas deixou de me incomodar à algum tempo. Em vez de corpo arrasto um esqueleto, o meu tronco à muito deu lugar ás costelas à mostra. Não trago comigo pesos mortos, só os ossos. Os meus movimentos tornam-se lentos, pesarosos. Já não ando, arrasto-me. Perdi a vontade de falar, perdi o dom das palavras. Deixei de ouvir, perdi a audição. Deixei de cheirar, perdi o olfacto. Só a visão se mantém, mas também essa está debilitada. Não preciso dela, nada quero ver, nada consigo ver. Mantenho-me na total escuridão. Na penumbra de um antigo teatro. agora abandonado. Tudo mudou à alguns meses. Na altura em que deixaste de me ouvir, na altura em que me tiraste a casa onde morávamos, quando me tiraste um tecto seguro. Quando me tiraste o conforto da cama, as carícias, as palavras carinhosas, o aroma do teu perfume, o teu corpo junto ao meu. O amor. Tudo mudou quando me violaste a alma. e com isso tiraste-me a vontade de viver. Tiraste-me o mundo que outrora conhecera e venerara.
Agora já nada interessa. Já não caminho. Estou deitado de lado, no chão. Caí. As minhas veias secaram, o meu coração deixou de bombardear o liquido que as lubrificava. AS veias fecharam-se, nada lá passa. Os órgãos começam a falhar, deixam de estar alimentados. Acabou!
A nossa vida. A minha. Tudo!

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