26 agosto 2011

     A vontade surgiu novamente. O meu corpo treme de desejo. Preciso sentir o prazer dos momentos que antecedem. Fecho os olhos para me tentar controlar mas esta força é sobrenatural. Não consigo prende-la mais. Preciso sair. Abro a janela e sinto o ar fresco da noite, já tardia. Salto para o relvado em frente e sigo cidade dentro. Não se vê ninguém na rua, tenho de ter uma abordagem diferente. Fecho novamente os olhos. Desta vez para fazer uso desta força crescente dentro de mim. Já está. Alvo escolhido. Moradora do número 3, perdoa-me. Salto até alcançar a janela do seu quarto, abro-a sem dificuldade. Entro sem produzir qualquer barulho e só quando pouso o joelho no colchão ela desperta. Sem tempo nem grita. Sente as minhas presas perfurarem-lhe o pescoço, atingindo-lhe a carótida. O sangue jorra para a minha boca, apresso-me a bebê-lo todo. Nem uma gota se desperdiça. As que se depositaram nos meus lábios assim que me afastei do seu corpo, agora sem vida, são colhidas pela minha língua. Levanto-me saciado.
     Os meus olhos voltaram ao castanho que são quando não tenho fome. O meu corpo já não treme. Olho uma última vez para a vida que ceifei. Salto novamente para a rua. Agora sim, estou satisfeito.

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