22 novembro 2011

Cartas de uma mulherzinha

Mamã,

   ouvi vezes sem conta as historias que tu e o papá partilharam, Disseste-me muitas vezes, demasiadas, que um dia me irias ler as cartas que escreveste para mim. Esperaste pelo dia em que eu começasse a compreender. A verdade é que ouvi atentamente cada palavra que desabafaste ao escreve-las. Eu já entendia. Lembras-te do enorme, embora desdentado, sorriso que tinha pregado no meu pequeno e rechonchudo rosto? Estava a imaginar o jovem e apaixonado casal a passear. a partilhar vivências.
Até ver o papá imaginava-o usando as características que me davas. Enganei-me profundamente. Assim que o vi deparei-me com alguém muito melhor. Um rosto alegre, um fácil sorriso e uns olhos profundos e brilhantes. Quando partia o meu pequeno coração apertava e mantinha-se assim durante a sua ausência. Não vou dizer que sofri como tu sofreste mamã, mas também me doeu a sua escolha.

Um beijo da tua mulherzinha

Leonor, 14 anos

1 comentário:

  1. Um texto encantador.
    Sonhos construídos e partilhados.
    A dor é paralela à alegria

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