24 outubro 2010

Tenho saudades das horas que passavas a olhar para mim. A observar-me ao longe, sentada no sofá, enquanto eu me mantinha na minha secretária a escrever.
Tenho saudades das tuas aproximações, lentas e provocatórias. Da maneira como paravas na ombreira da porta e te encostavas, á espera que reparasse em ti. Como se fosse possível não reparar.
Tenho saudades quando chegavas perto da secretária e a contornavas lentamente. Uma vez chegada ao meu lado punhas-te atrás de mim e me beijavas suavemente a face. Quando afastavas a cadeira em que estava e te sentavas ao meu colo. Fazendo-me interromper a escrita e passar para ti toda a atenção. Merecida é certo.
Tenho saudades de parar a escrita e ir ter contigo, encontrando-te na nossa cama á minha espera para dormires. Não conseguias sem mim a teu lado, abraçado a ti. Fizesse frio ou calor dormíamos sempre aconchegados.
Tenho saudades de escrever sem paragens, inspirado pela mais bela das musas, fazendo ciúmes a todas as sereias outrora encantadoras de marinheiros. Não precisavas entoar belas melodias para me prenderes. Bastava o teu olhar profundo e sentimental para o fazeres. Tinhas-me nos braços.
O que aconteceu a tudo isso?
Desististe de mim.
De nós.
Gostava de saber o que aconteceu para de um dia para o outro deixares estes hábitos que tanto gosto e tão bem me habituaste.
Sinto-te longe. Apesar de ainda aqui estares, não estás de verdade. Só estás presencialmente, o teu espírito fugiu á muito.

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