14 novembro 2010

Deitei-me na cama sozinho. Ninguém me acompanhava. Nada se ouvia dentro de casa, apenas as gotas.
Aquelas que molhavam o chão. A poça já se formara horas antes, mas nem por isso elas deixavam de cair. Nada podia fazer. Não as controlo. Caem sem pedir autorização. Mesmo diante os meus olhos.
Mas não as via. A escuridão naquele local era extrema. Mas ouvia-as cair. O bater de cada gotícula entoava naquelas quatro paredes, naquele espaço inundado de silêncio. Soube bem ouvi-las cair.
Estava em paz.  Caiam sem pressas, sem peso, eram suaves, límpidas, despidas de qualquer dor, sem tormento. Caiam tão naturalmente. Não magoavam. Não escorriam pela face. Não secavam na cara.
Era lá fora que elas caiam. Estava perante uma noite de chuva.

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