Letter's to an unborn child #2

My Child,

   Finalmente acederam ao meu desejo. Pude por fim tocar-te.
Assim que te tomei nos meus braços as lágrimas á algum tempo reprimidas correram livremente pelo meu rosto. Tinha sangue do meu sangue nos meus braços. Estavas ali, com a cabeça encostada no meu peito. Olhei para a tua mãe directamente nos olhos e sorri por entre as lágrimas alegres que insistiam em correr. O teu choro cessou quando depositei um beijo na tua testa. Aproximei-me da cama daquela que te trouxe ao mundo e entreguei-te aos seus braços. Começaste a chorar quando deixaste de sentir o calor da minha pele na tua mas acalmaste-te assim que te pousei-te no seu peito e ela te alimentou pela primeira vez. Assisti á fortificação do laço que tens com a tua mãe. Invejei-vos, confesso. Nunca terei contigo esse laço que vos une. Apesar de te amar de igual forma e de saber que também o sentes sei que um laço físico e psicológico te une á tua mãe. Compreendo isso e aceito perfeitamente.
Acabaste por adormecer nos seus braços. Voltei a olha-la nos olhos e inclinei-me sobre vocês. A ti, meu pequeno anjo, depositei um leve beijo na testa, não te queria acordar. A ti, minha princesa, um beijo nos lábios. Deitei-me e passamos assim a noite. Partilhando a mesma cama.

Ainda não chegaste mas já tens um lugar no meu coração,
Um beijo do teu pai