Don't kill my vibe.

Participação no desafio da Emilie, como não podia deixar de ser tive de participar!!

   Passaram-se algumas horas e ainda me encontro na mesma posição. A caneta continua pousada em cima da mesa, a folha permanece em branco. Não encontro palavras para descrever o que sinto por ti. Aquilo que tivemos e tudo o que passamos. Levantei-me, tive de me levantar. Fui buscar um copo de água e regressei áquela cadeira. E, tal como á muitos anos atrás as palavras surgiram na minha mente, tenho o que faltava, a água traz-me a clareza que preciso. Contra tudo o que prometi as lágrimas começam a formar-se nos meus olhos e insistem em percorrem o meu rosto á medida que a caneta dá forma a estas palavras. O papel recebe a personificação das saudades que tenho de ti, do teu corpo junto ao meu, em silêncio, apenas o silêncio do teu abraço. O toque, aquele tão caloroso e caracteristico toque que tens, o teus olhos, profundos e tão misteriosos, tão quentes e reconfortantes. A tua voz, melodiosa e viciante. O cheiro da tua pele, não, não me refiro ao perfume que usas, refiro-me ao cheiro de cama, aquele que sempre disse apreciar, lembras-te? Lembras-te como costumava ficar na cama mesmo depois de te levantares? Chamavas-lhe perguiça mas não era isso que me impedia de levantar, era a necessidade que tinha de te apreciar, a genuína beleza que em pijama e de cabelo emaranhado possuias. Não sabias mas era ali, logo de manhã ao levantar que mais gostava de te apreciar, mesmo antes de lavares a cara e te arranjares.  Lembro-me da primeira vez que disse que te amava, estava longe mas a ser tão sincero. Estava preparado para te fazer feliz, para te mostrar o que ninguém te mostrou, para te dar o que ninguém teve coragem de dar. Não sabes como me condeno por todo o mal que te fiz, de todas as mágoas que causei, de todas as confusões que arranjei. Mas tu, com a paciência de sempre me falavas calmamente, ou me puxavas simplesmente para ti, mostrando-me que tudo estava bem. Se soubesses a falta que tenho, até daqueles arrufos. De ti, caramba, sinto tanto a tua falta! Desculpa-me, ontem chorei em silêncio depois de consolar a nossa menina durante horas, ela, muito calmamente pediu "pai, embalas-me?". O enorme aperto no peito que senti. Vi, por momentos, a tua cara de súplica para que o fizesse,noite após noite, apesar do avançar da idade de ambos. Precisei de me controlar mas assim que adormeceu os meus olhos não aguentaram mais, toda a mágoa saiu de dentro de mim. Não preguei olho ao lembrar-me que hoje seria a última vez que te veria, embora que demasiado sossegada para a tua forma de ser, embora sem cor hoje tenho de te ver, tenho de te sussurrar uma última vez vez o quanto te amo Perdoa-me esta carta estar sem qualquer nexo...estou tão perdido...E sim, é um relato do que fiz para te escrever esta carta..é tuão dificil para mim despedir-me da mulher que me fez ser o homem completo que sou hoje. Sei que nunca estarei preparado para o que te vou dizer...mas...até breve minha pipoquinha.

Com amor e saudade 

a tua bolachinha